"Nunca sem minha filha". Uma história para repensar valores
Mariana Dall'Acqua teve filhas gêmeas. Manuela não sobreviveu. Valentina lhe dá motivos para levantar da cama todos os dias
A diretora de marketing paulistana Mariana Dall’Acqua tinha certeza de
que vivia um pesadelo durante os três meses em que praticamente morou
numa UTI neonatal para cuidar de suas bebezinhas prematuras. “Estava
enganada: lá era o paraíso, porque havia esperança, apesar da exaustão”,
diz. Quatro meses depois da alta, uma das garotas adoeceu. E o que
parecia uma febre inocente, dessas de bebê, revelou-se uma
imunodeficiência grave. A pequena Manu se foi há pouco mais de um ano.
“Acordar todos os dias dói, mas, se a vida me deu a Valentina, é porque
minha missão ainda não acabou”.
Sabe quando você acorda, depois de ter tido um pesadelo, e pensa: “Ufa,
foi só um sonho ruim”? Queria muito que acontecesse comigo. Que eu
acordasse numa manhã dessas e, aliviada, tivesse a certeza de que não
vivi o que vivi. Porque todo dia em que abro os olhos e tomo consciência
do que aconteceu é como se levasse um soco na cara. É um novo dia me
dizendo que minha filha não está aqui, mas que eu tenho de me levantar.
Eu já era casada com o Robson, empresário no ramo de moda, há três anos
quando nossas garotinhas nasceram, em abril de 2010. Demorei um pouco
para engravidar, já estava ficando meio neurótica. Mas foi só dar uma
desencanada para a coisa acontecer. Eu já estava superfeliz com a
gravidez em si, porém, quando fiz o ultrassom e a médica disse que
eu esperava dois bebês, fiquei em êxtase.
Sério: foi um dos momentos mais intensos da minha vida. Eu e meu marido choramos muito, num misto de choque, emoção, alegria extrema, tudo junto. Bem, a gravidez das duas menininhas, Manuela e Valentina, correu de forma muito tranquila. Até... No sétimo mês de gestação, passei mal como nunca tinha passado na vida. Sentia enjoos, vomitava muito, a barriga doía insanamente. É louco como nosso organismo avisa quando alguma coisa está errada. Logo que amanheceu fomos ao consultório da minha obstetra, que nos encaminhou à maternidade. Lá entendemos tudo: o cordão umbilical da Valentina estava fechando, impedindo que ela respirasse e recebesse alimentos.